Em outro texto (leia aqui), conversamos sobre algumas formas de aquecer o lápis, a caneta e o teclado para driblar o medo da folha em branco. Hoje, nosso papo será sobre como nascem os textos.

Uma redação começa a ser produzida muito antes de traçarmos suas primeiras palavras e passa por diversos momentos até atingir a versão final: o pré-texto, o planejamento, a escrita, a revisão e a reescrita.

• O pré-texto – É o todo o processo anterior ao nascimento do texto. Parece óbvio, não? Entretanto, ele é invisível ao leitor, mas é a base de todo o conteúdo exposto. Isso inclui a pesquisa sobre o assunto, tudo o que se leu sobre o tema, os valores, a cultura e a ideologia que fazem parte do escritor. Nesta etapa, todo o conhecimento acumulado ao longo da sua vida é acessado. É importante que se coloquem todas as ideias no papel sem qualquer tipo de autocensura.

• O planejamento - Ele pode ser escrito ou mental; rápido ou demorado. Neste ponto, ativamos tudo o que sabemos sobre o tema, agrupamos as ideias semelhantes, decidimos o que vamos dizer, cortamos ideias, definimos o foco. Além disso, pensamos em quem será nosso leitor, definimos os objetivos, escolhemos o gênero e o tipo textual e construímos os argumentos.

• A escrita – É somente aqui que começamos a costurar as frases para transformá-las em parágrafos e, na sequência, em um texto coeso e coerente, com início, meio e fim. Nesse momento, é fundamental a preocupação mais centrada no conteúdo do que na forma para evitar o bloqueio de criatividade.

• A revisão - As ideias já estão no papel? Então é importante deixar o texto “de molho”. Com isso, você poderá distanciar-se um pouco do que escreveu, olhar sua produção de outra forma e enxergar problemas que não tinha visto antes. Isso facilita a revisão. Se estiver numa prova, e administrou bem o tempo, esta etapa leva alguns minutos. Em outras situações, o “molho” pode ser de algumas horas ou dias. Depois disso, você estará pronto para observar e corrigir aspectos como forma, correção gramatical e clareza.

• Reescrita – Etapa fundamental para a construção da versão final do texto, quando você fará as alterações necessárias para deixá-lo claro e preciso.

É bom lembrar que, diferentemente de outras disciplinas que possuem um programa com conteúdo específico, a prova de redação em vestibulares e concursos tem como objetivo aferir as competências linguísticas construídas ao longo da vida dos candidatos e a sua capacidade de se posicionar sobre diversos assuntos.

De um modo geral, os temas são extraídos de um título, uma imagem ou da leitura e compreensão de texto(s) oferecido(s) como motivação. Nesse caso, espera-se que o candidato não só identifique e desenvolva o assunto abordado, mas também demonstre capacidade para organizar ideias, estabelecer relações, fazer uso de dados ou informações, elaborar argumentos com coerência e coesão textual de acordo com os critérios da escrita-padrão.

Espera-se, também, que conheça o tema e o desenvolva de forma clara e concisa; demonstre iniciativa, prontidão de raciocínio e capacidade de se posicionar de forma racional para dar respostas a situações novas. Convém lembrar que para se obter um bom desempenho, a prática frequente da leitura, da escrita e a disciplina nos estudos tornam os escritores mais experientes.

Por fim, lembro que o exercício da escrita não se limita ao universo escolar ou acadêmico, uma vez que faz parte do nosso cotidiano pessoal ou profissional. Além do mais, representa uma arma indispensável na defesa dos nossos direitos e na expressão de nossas ideias. O texto escrito, sobretudo o dissertativo, é o gênero mais utilizado para se debater temas de caráter polêmico e abordar situações em que se privilegia o uso da razão.

Um abraço,

Profª Cyntia Silva.